Em 2029, o Brasil deve produzir 12,6 milhões de toneladas de carne bovina, volume 27% superior a 2018. As exportações podem chegar a 3,2 milhões de toneladas, o que representaria um crescimento de 102% na comparação com o atual desempenho. A demanda doméstica deve saltar 12%, passando de 7,9 milhões de toneladas para 8,8 milhões de toneladas na próxima década.
Os dados superlativos não são apenas para o mercado externo, de acordo com o estudo “Projeções para o Agronegócio Brasileiro 2029, publicado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entidade presidida pelo empresário Paulo Skaf. A instituição, que tem em sua estrutura um departamento de análise setorial e também o Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), presidido por Jacyr Costa Filho, revisa anualmente as projeções para o futuro do agronegócio em 15 cadeias produtivas, mais fertilizantes.
Os dados para a pecuária ainda mostram o comportamento do rebanho, demanda doméstica, cobertura de área de pastagem, taxa de lotação e distribuição da produção de carne por Estado. Olhando no longo prazo, os dados são animadores, embora os impactos da pandemia do novo coronavírus ainda estejam subdimensionados. “Ninguém poderia imaginar que em 2020 teríamos de conviver com os efeitos devastadores, para a saúde e para a economia, de uma pandemia global. O Covid-19 estava completamente fora do radar e suas amplas consequências ainda estão por ser mensuradas”, diz Skaf na apresentação do estudo. “Não obstante este ano ser marcado, provavelmente, por queda expressiva do PIB e do emprego, as projeções previstas no Outlook Fiesp 2019-2029 consideram que o modelo macroeconômico que o Brasil deve seguir na próxima década já se encontra relativamente desenhado.”
A China como maior compradora da carne bovina brasileira, continua como mercado promissor. Mas, de acordo com o estudo, “a coincidência de dois grandes episódios sanitários em curto espaço de tempo, a Peste Suína Africana e a recente epidemia de coronavírus, provavelmente induzirá o governo chinês a uma revisão estratégica na estrutura de produção e comercialização pecuária do país”. O Brasil, no entanto, continuará a trajetória de principal fornecedor de proteína vermelha, embora pareça “claro que as recentes pandemias sanitárias, em humanos e animais de criação, levarão a mudanças profundas nos sistemas produtivos: haverá a adoção de protocolos mais rígidos para a produção de carnes, aprimoramento das boas práticas de fabricação, maior profissionalização e intensificação da produção ao redor do mundo, em especial na Ásia, continente que deverá puxar de forma relevante o consumo de proteínas animais na próxima década”.
Rebanho cada vez mais sustentável
Para sustentar o crescimento, o setor produtivo continuará seu processo de melhorias tecnológicas. O salto de qualidade na gestão ambiental e de produtividade tende a colocar a pecuária como uma atividade cada vez mais forte como usuária de tecnologias.
A pecuária utilizará, em 2029, uma área de 172,6 milhões de hectares para pastagens, uma queda de 4% em relação ao espaço atual. No entanto, o rebanho crescerá apenas 9%, chegando a 233,5 milhões de animais. Traduzindo, significa intensificar o processo de criação e de engorda dos bovinos, encurtando seu ciclo de vida. Assim, a taxa de lotação de 1,2 bovinos por hectare, tende a subir para 1,4 bovinos por hectare, um crescimento de 14%.
No caso da distribuição e desempenho por região do País, o Centro-Oeste vai liderar a corrida pela criação bovina, chegando em 2029 com uma participação de 39% na produção de carne bovina, seguida pela região Norte com 25% (confira o mapa a seguir).
Fonte: Portal DBO
Por: Vera Ondei